Acaba de ser divulgado “o Atlas do Uso de Agrotóxicos no Brasil”, publicado pela Universidade de São Paulo, através de uma pesquisa de doutoramento da dra. Larissa Bombardi, da Faculdade de Geografia. Ele revela que o Brasil utiliza 500 mil toneladas de agrotóxicos/ano e é o País do mundo que mais recursos financeiros disponibiliza para o veneno travestido de defensivo agrícola. A cultura que mais utiliza agrotóxico no Brasil é a soja (52%).
O agrotóxico mais comprado pelo Brasil é o glifosato (195 mil toneladas/ano), da empresa Monsanto, dos EUA, que é proibido na Europa, por comprovadamente ter efeitos nocivos aos seres humanos. A permanência disso traz resultados negativos para toda a sociedade, especialmente em custos com doenças relacionadas a alergias, puberdade precoce e até certos tipos de câncer.
Das 10 maiores empresas que vendem agrotóxicos para o Brasil, 5 são americanas, 2 alemãs, 1 japonesa, 1 suíça, 1 chinesa. O oligopólio domina o mercado, tendo o Brasil na dianteira, acima dos EUA e da China. Somos o país que mais compra veneno do mundo! A região Centro Oeste é a que mais utiliza agrotóxicos no País (334.628 toneladas/ano), seguida por Sul e Sudeste. O estado brasileiro que mais utiliza é o Mato Grosso (191.439 toneladas/ano), seguido de São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul.
O Nordeste consome 101.400 toneladas de agrotóxicos/ano. Somente a Bahia usa 54.976 toneladas/ano, seguida por Maranhão (17.408 toneladas/ano), Piauí (10.726 toneladas/ano) e Pernambuco (6.919 toneladas/ano). O Ceará é o 5º no Nordeste a utilizar mais agrotóxico (3.078 toneladas/ano), entretanto, possui o maior número de estabelecimentos de venda do produto da região: 123.776. Isso porque, aqui, o agrotóxico é totalmente isento de imposto, um absurdo que precisa ser corrigido, pois empresas se instalam no Ceará para vender a outros estados do Nordeste, que não oferecem o mesmo tratamento tributário.
É possível conciliar desenvolvimento sem a presença da agricultura orgânica, saudável e sustentável? Por isso, nos posicionaremos contra a proposta, discutida no Congresso Nacional, de transformar veneno em defensores agrícolas, contra o aumento de mais substâncias que contêm agrotóxicos na agricultura brasileira e contra a isenção fiscal para tais produtos. Por uma economia agrícola orgânica, sustentável, saudável e pela democratização da terra e da água. Você é o que você come, não é justo, em nome do capital, contaminar o alimento dos seres humanos com veneno.
Luizianne Lins – Deputada federal (PT/CE)
Artigo publicado originalmente no jornal O Estado, em 5/7/18 (https://goo.gl/b71dxg)