Iniciamos hoje um dos períodos mais importantes do nosso calendário anual, OS 16 DIAS DE ATIVISMO PELO FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES! Uma campanha que ocorre em todo o mundo e que deve envolver toda a sociedade para dar um basta ao ódio, às agressões e à cultura machista!
O Brasil tem a quinta maior taxa de feminícidio do mundo! No último ano temos um registro de pelo menos 8 casos de feminicídio. Todos, assassinatos recobertos de extrema crueldade e violência. Somos a maioria da população, quase 52% e, no ano de 2016, 29% das mulheres brasileiras relataram ter sofrido algum tipo de violência. Esses números inclusive são os que temos registrados, mas é possível afirmar que há subnotificação e muitas mulheres são agredidas e morrem todos os dias em razão de seu gênero.
A desigualdade, sobretudo nos espaços de poder, tem colocado nós mulheres em situação de maior vulnerabilidade e risco social. Esses dados se agravam quando consideramos o recorte de classe, raça e etnia. As mulheres negras são triplamente as mais afetadas com o descaso e a tolerância do Estado e de toda a sociedade, que discrimina e oprime por sua condição de mulher, negra e, em sua maioria, pobres. Aqui no nosso país iniciamos a campanha pelo fim da violência, hoje, com o Dia da Consciência Negra!
Segundo o IBGE, 54% da população brasileira é de pretos, sendo, a cada dez pessoas, 3 mulheres negras. Somos um país de negros, somos um país racista, machista, homofóbico e excludente. No mercado de trabalho, as mulheres negras recebem um salário 54,6% em relação ao homem branco. São as mais diversas formas de violência que sofremos cotidianamente, nós mulheres, a população negra, e, principalmente, a mulher negra.
As lutas pelos direitos e liberdade começaram há séculos, tivemos muitas conquistas, mas não concluímos, temos um longo caminho pela frente para alcançar a igualdade, o fim da discriminação e da violência. Na Câmara de Deputados, cada semana é um golpe. Essa semana estamos mobilizadas para tentar barrar a PEC 181, que tinha a intenção de ampliar a licença maternidade no caso de bebês prematuros e, ao longo de sua discussão, foi descaracterizada e transformada em um instrumento de criminalização das mulheres que recorrerem ao aborto mesmo em caso de estupro ou sob risco de morte. Mais um golpe a dignidade e direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.
É preciso resistir, a conquista não acontece sem resistência e luta! Portanto, não fugiremos dela, estamos preparadas para defender nossos direitos e uma sociedade sem desigualdades sociais, raciais e de gênero.
Lembrando Mandela: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião (e acrescento gênero). Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”.
Pelo fim da violência, por mais amor e consciência negra todos os dias!
Salve a negritude! Salve Mandela, Zumbi e toda a nossa ancestralidade!
Luizianne Lins – deputada federal (PT/CE)