O meio ambiente de Fortaleza assiste a mais um capítulo de agressão e retrocesso, traduzido pela entrega das Dunas do Cocó aos interesses da especulação imobiliária. O desmonte da legislação ambiental revela a farsa do planejamento tecnocrático dirigido para o mercado; maculando mais uma vez nossa ecologia urbana e comprometendo o patrimônio ambiental para as futuras gerações.
Na gestão Fortaleza Bela, a criação do Parque da Sabiaguaba, com 460,7 hectares, passou a proteger áreas de mangue, faixas de praia e tabuleiros costeiros. A Área de Proteção Ambiental (APA) da Sabiaguaba acrescentou outros 1.009 hectares às áreas de uso sustentável. Essas conquistas representaram uma vitória da consciência ambiental em nossa cidade, materializando a ênfase na ecologia urbana contida no Plano Diretor Participativo (PDP).
As Dunas do Cocó estavam contempladas pelo Art. 14 do PDP, como ação estratégica para o uso, preservação e conservação da biodiversidade; dando suporte à criação da Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) das Dunas do Cocó.
A presente agressão não ataca apenas a biodiversidade e a qualidade ambiental de Fortaleza, mas fere também o direito à cidade. O direito de escolher um destino melhor para o nosso futuro, de escolher uma outra cidade possível.
É preciso dar um basta nesse desmando! Como dizia Walter Benjamin, é preciso frear o trem desgovernado do mercado capitalista, que é anárquico e extravagante. Defender as Dunas do Cocó é defender o nosso ser genérico, é defender as dimensões humanas e ecológicas de nossa existência.
Luizianne Lins
Deputada federal (PT/CE)
(Artigo publicado originalmente no jornal Diário do Nordeste, em 28/09/17: http://bit.ly/2fBsn9N )